sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Entre o céu e o fel

Mãe, mãe de todo amor, quebra o protocolo e nos leva pela mão rumo à civilização adormecida em teu colo. Nesses mais de dois mil anos que nos separam algo aconteceu e o mundo se perdeu do caminho que a senhora apontou. Mãe, mãe, por favor, restaura o elo que une terra e céu, fazendo com que o amor (o amor que criou), viva fora dos livros de papel. Mãe me mostra, ao longo dessas entranhas, onde vivem teus ensinamentos. Mãe me diga, nessa terra estranha, onde estão os sentimentos que foram espalhados pelos ventos. Sentimentos que lhe fizeram chegar tão perto de Deus. Mãe habita esses tantos corações ateus, ateus de tanto amor.

Mãe, mãe de toda graça, faça-te presente nessa terra onde mães abandonam seus rebentos ao próprio destino. Faça deste mundo pequenino um ser mais bento, sedento de amor ao mistério trino. Coloca fim em tanta guerra, coloca arrependimento em quem erra, coloca teu manto sobre a terra. Mãe, mãe de toda essa massa, livra cada um de nós da ameaça da solidão, do fim na escuridão. Ò mãe rainha raia no horizonte tombando a tocaia do futuro. Ò mãe rainha nos leva para um lugar seguro, livrando-nos dos apuros espirituais, carnais, materiais e de tantos ais. Ò mãe rainha dos pescadores leva-nos para o cais desse mar de amar.

Mãe, mãe auxiliadora, ajuda-nos nessa caminhada, nessa jornada feita em corda-bamba entre o bem e o mal. Que os pecadores descubram em ti novos amores. Que os redentores elevem a ti seus penhores. Que os bastidores revelem teus valores. Que o mundo lhe busque a pé e se transforme em um grande ato de fé, em uma nova Nazaré. Que todos possam ouvir teus conselhos, dobrar a ti seus joelhos e ver teu olhar no fundo do espelho dos olhares lançados ao léu. Que Maria do céu seja também Maria dessa terra que tem girado em falso feito carrossel.

Mãe, mãe de todo amor, desabrocha sua flor de mel dentre os espinhos do fel.

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