quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Véspera de um novo tempo

Dia 24 de dezembro, o último dia em que Maria leva um novo tempo em sua barriga. A partir de amanhã, este novo tempo estará entregue aos braços do mundo. Hoje, Maria já sente as dores do parto. Nove meses depois da vinda do anjo anunciador, a jovem já se prepara para levar esse novo tempo no colo. Hoje é o dia em que as sombras do reinado de Herodes e a estrela de Belém se entreolham, preparando o confronto entre a luz e a escuridão.

É véspera de o ventre de Maria dar à luz um deus humano. É véspera de toda humanidade ter um deus que chora, que mama, que dorme. É véspera da peregrinação de um deus feito de carne. É véspera dos anjos cantarem no céu. É véspera dos pastores se ajoelharem ao menino. É véspera de um novo tempo nascer em uma manjedoura. É véspera dos magos do Oriente partirem em jornada. É véspera de um tempo de ouro, incenso e mirra.

Hoje é véspera e as portas de Jerusalém estão fechadas para Maria. Hoje é véspera e o único abrigo é em um estábulo. Hoje é véspera de nascer Jesus, de nascer Maria. A mulher que acreditou em um anjo, que levou um mistério dentro de seu corpo, que fez de uma manjedoura o berço de um novo tempo está prestes a nascer para um novo tempo. Depois de longos meses de gestação, o parto de um novo tempo se aproxima. Hoje é véspera de o mundo sofrer uma recriação, a partir do ventre de uma mulher.

Nossa Senhora Auxiliadora, os meus aplausos, os meus joelhos ao chão e a minha fé.

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a todos os leitores deste blog, um Natal abençoado. Que Maria Auxiliadora, nossa mãe, rainha e auxílio, nos auxilie hoje e sempre.

autor: Daniel Campos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maria e José, juntos no jardim

Faltava alguma coisa no jardim. Por entre o gramado havia uma palmeira, um pinheiro, um pingo de ouro, uma árvore de flores amarelas e outra despida de folhas, ramas de framboesa, uma roseira e uma infinidade de espadas de São Jorge. Mas faltava alguma coisa mais. Olha daqui, olha dali, olha acolá e, quando menos se espera, acompanham-me, no carro, Marilene, uma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora e outra de São José. As duas feitas de barro por uma artesã de uma feirinha que ficava próxima da linha do horizonte.

Imagens grandes e suntuosas. Pareciam querer falar. Embora elas tivessem leveza nos traços, pesavam muito. Por mais que estivessem envoltas com jornais e toalhas, era preciso cuidado. Marilene as escorava como podia. Qualquer movimento mais brusco poderia comprometer toda uma espera. Não é de hoje que eu sonho com Santa Maria e São José num altar, rodeado de flores, em pleno jardim. O portão se abre e as imagens, cor de terra, misturam-se ao verde da paisagem.

José, com um ar sério, trazia o menino Jesus no braço esquerdo e um lírio, no direito. Os fios de cabelo davam-lhe vivacidade. E as dobras do manto esvoaçavam ao sopro de um vento abstrato. Já Maria era Nossa Senhora Auxiliadora. Os mantos, a coroa, o cetro. Tudo esculpido com detalhes. Assim como seu esposo, carregava o menino Jesus no braço esquerdo. Pareciam contentes naquele jardim de início de primavera ao meio da cantoria de um pássaro desconhecido.

O sol se pôs vermelho e José e Maria ficaram entre o jardim das framboesas e um céu de estrelas.

Altar em casa


Um sonho antigo. Uma mudança de endereço. Um encontro com uma artesã. Um reencontro com o barro. Uma junção de formas. Um apanhado de flores. De um em um todos os elementos para tornar possível um altar da Sagrada Família, com Nossa Senhora Auxiliadora e São José, ambos carregando o menino Jesus formaram uma construção simples, porém mágica. E tudo isso bem na frente da minha casa.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"(...)seja agora e sempre o auxílio meu(...)"

Confira abaixo a letra de uma canção em homenagem a NS Auxiliadora, composta por Paulinha E Arnaldo Costa

Auxiliadora

Hoje eu venho a ti,
Confiante que jamais se ouviu dizer
Que alguém que tenha vindo aos teus pés
Não tenha obtido o teu favor.

Auxiliadora, mãe de cristo, mãe da igreja, minha mãe...
Quero agora no teu manto me encobrir
E pedir que me estenda tua mão.

Meu refúgio, mãe de deus
É debaixo de tua proteção
Não desprezes meu clamor
Auxílio dos cristãos!

Livra-me do perigo, ó virgem bendita e gloriosa,
Intercede por nós junto ao teu filho,
E seja agora e sempre o auxílio meu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Entre o céu e o fel

Mãe, mãe de todo amor, quebra o protocolo e nos leva pela mão rumo à civilização adormecida em teu colo. Nesses mais de dois mil anos que nos separam algo aconteceu e o mundo se perdeu do caminho que a senhora apontou. Mãe, mãe, por favor, restaura o elo que une terra e céu, fazendo com que o amor (o amor que criou), viva fora dos livros de papel. Mãe me mostra, ao longo dessas entranhas, onde vivem teus ensinamentos. Mãe me diga, nessa terra estranha, onde estão os sentimentos que foram espalhados pelos ventos. Sentimentos que lhe fizeram chegar tão perto de Deus. Mãe habita esses tantos corações ateus, ateus de tanto amor.

Mãe, mãe de toda graça, faça-te presente nessa terra onde mães abandonam seus rebentos ao próprio destino. Faça deste mundo pequenino um ser mais bento, sedento de amor ao mistério trino. Coloca fim em tanta guerra, coloca arrependimento em quem erra, coloca teu manto sobre a terra. Mãe, mãe de toda essa massa, livra cada um de nós da ameaça da solidão, do fim na escuridão. Ò mãe rainha raia no horizonte tombando a tocaia do futuro. Ò mãe rainha nos leva para um lugar seguro, livrando-nos dos apuros espirituais, carnais, materiais e de tantos ais. Ò mãe rainha dos pescadores leva-nos para o cais desse mar de amar.

Mãe, mãe auxiliadora, ajuda-nos nessa caminhada, nessa jornada feita em corda-bamba entre o bem e o mal. Que os pecadores descubram em ti novos amores. Que os redentores elevem a ti seus penhores. Que os bastidores revelem teus valores. Que o mundo lhe busque a pé e se transforme em um grande ato de fé, em uma nova Nazaré. Que todos possam ouvir teus conselhos, dobrar a ti seus joelhos e ver teu olhar no fundo do espelho dos olhares lançados ao léu. Que Maria do céu seja também Maria dessa terra que tem girado em falso feito carrossel.

Mãe, mãe de todo amor, desabrocha sua flor de mel dentre os espinhos do fel.